CRIME AMBIENTAL
É lastimável que as autoridades em Fortaleza ainda concordem em sacrificar animais inocentes, vítimas do abandono, pelos cidadãos irresponsáveis. O crime ambiental realizado pelo Centro de Controle de Zoonoses dessa cidade, matando felinos que eram assistidos por moradores, visitantes e protetores no Bosque Eudoro Correia, constata que a prefeitura e a Secretaia de Saúde não atuam de forma correta para um controle populacional de cães e de gatos, conforme orientação da Organização Mundial de Saúde. Programas permanentes de esterilização, em parceria com sociedades protetoras e com clínicas veterinárias, tendo como complementação campanhas educativas para conscientizar a população a não abandonar animais, esses são os métodos modernos, eficazes, corretos e econômicos para os cofres públicos.
Izabel C. Nascimento
Presidente da SUIPA Soc.União Intern.Protetora dos Animais
Rio de Janeiro (Fonte: Carta publicada no JORNAL O POVO - Fortaleza/Ceará em 09/09/06)
POLÊMICA
Carrocinha extermina gatos de praça Enquanto muitos praticantes de cooper e usuários do Bosque Eudoro Correia reclamam da falta de higiene e do mau cheiro causado pela presença de gatos, e eles são muitos, defensores dos bichos protestam contra o extermínio de 21 gatos realizado pelo Centro de Zoonose há uma semana
O DESAPARECIMENTO da maioria dos gatos da praça dividiu opiniões.
Mariana Toniatti da Redação
Eram 5h30min do dia 31 de agosto quando a carrocinha do Centro de Zoonose chegou ao Bosque Eudoro Correia, a praça que ocupa um quarteirão em frente ao Hospital Geral do Exército, na Aldeota. O lugar é conhecido como reduto de gatos. Há quem diga que são mais de 100. Ontem, eram pelo menos 20. Naquela manhã, a carrocinha apreendeu 21, todos sacrificados em seguida pelo Centro de Zoonose. "Foi uma confusão danada. Gato é ligeiro, você sabe. Não levaram nem a metade da metade", diz o gari Ronaldo Augusto.
A coordenadora do Centro, Evanisa Ventura, diz que a ação foi uma resposta à exigência da promotora Isabel Porto, da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública do Estado. Mas a promotoria ressalta que não determinou as execuções. "Mandamos um ofício pedindo que o Centro tomasse as providências cabíveis. Eles é que entenderam que a providência cabível era essa", afirma o coordenador da assessoria jurídica da promotoria, Giulliano Mendes, que falou em nome de Isabel Porto, atualmente de férias. Ele explica que o processo administrativo aberto por Isabel foi motivado por denúncias. "Muita gente reclama da falta de higiene", diz.
Tem quem discorde. Da falta de higiene e da solução encontrada pelo Centro de Zoonose. Evenir Vieira, que vende flores e plantas na praça há 18 anos é uma das vozes que protestam contra o extermínio dos gatos. Ela é uma espécie de guardiã dos bichos. Tem remédios para verme, para os olhos, sarna, manda esterilizar as gatas da praça e dá leite de conta-gotas para os filhotinhos abandonados em caixas de papelão. "Damos comida, cuidamos dos que chegam com sarna, levamos para vacinar contra raiva nos dias de vacinação e esterilizamos quando podemos. A Prefeitura tinha era que nos ajudar a fazer isso. Não são gatos abandonados. Se tivessem levado para outro lugar, mas mataram todos!", indigna-se.
De repente o choro vem. "Fico assim só de lembrar". Uma outra captura estava programada para amanhã, mas Evanisa suspendeu a ação. "Estamos sendo pressionados. Recebemos muitas ligações. Suspendi a captura e vou comunicar à Promotoria. O certo era fazer porque é um problema de saúde pública", diz. Muitos praticantes de cooper do Bosque Eudoro Correia reclamam do mau cheiro. "Paro para fazer exercícios e quando inspiro sinto aquele odor horrível", diz Maria das Graças Higino. "Às vezes eles vomitam na calçada e na época de chuvas fica horrível. O melhor seria que a Prefeitura fizesse um abrigo pra eles aqui mesmo. Não dá pra fazer?", pergunta.
Freqüentemente, filhotes são abandonados no bosque e vez ou outra há quem leve para casa os mais bonitos, um sistema de adoção informal. "Dados da Organização Mundial de Saúde dizem que para cada ser humano que nasce, nascem 15 cachorros e 45 gatos, por isso a esterilização em massa, que defendemos há anos, é a solução para acabar com o problema dos animais abandonados", diz a presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa), Geuza Leitão.
Caminhando no bosque, Madalena, que prefere não dizer o sobrenome, também se emociona e chora. Ela é outra protetora dos gatos, bate a colher na travessa de plástico cheia de comida e eles vão chegando. Para a mãe recente, que ainda amamenta os filhotes, fígado e leite, para os outros, arroz, macarrão, feijão e ração. Há cinco anos, quando se mudou para perto da praça, Madalena cumpre o ritual religiosamente. "Chorei muito quando cheguei e não os vi. Pensei que fosse endoidar", lembra. Os gatos que ficaram e os novos que chegam não servem muito de consolo. "Agora faço por caridade, não por amor", explica. "Foram anos de convivência", emenda.
(Fonte: JORNAL O POVO - FORTALEZA 07/SET/2006)
Contatos para protestar:
Escreva para a Prefeita de Fortaleza - Sra. Luzianne Lins email: mailto:luzianne@fortaleza.ce.gov.br
Conselho Municipal de Saúde Fortaleza e-mail para "Dicas e Sugestões": http://www.saudefortaleza.ce.gov.br/internet/fale_conosco.asp
JORNAL O POVO - mailto:cartas@opovo.com.bre opiniao@opovo.com.br
É lastimável que as autoridades em Fortaleza ainda concordem em sacrificar animais inocentes, vítimas do abandono, pelos cidadãos irresponsáveis. O crime ambiental realizado pelo Centro de Controle de Zoonoses dessa cidade, matando felinos que eram assistidos por moradores, visitantes e protetores no Bosque Eudoro Correia, constata que a prefeitura e a Secretaia de Saúde não atuam de forma correta para um controle populacional de cães e de gatos, conforme orientação da Organização Mundial de Saúde. Programas permanentes de esterilização, em parceria com sociedades protetoras e com clínicas veterinárias, tendo como complementação campanhas educativas para conscientizar a população a não abandonar animais, esses são os métodos modernos, eficazes, corretos e econômicos para os cofres públicos.
Izabel C. Nascimento
Presidente da SUIPA Soc.União Intern.Protetora dos Animais
Rio de Janeiro (Fonte: Carta publicada no JORNAL O POVO - Fortaleza/Ceará em 09/09/06)
POLÊMICA
Carrocinha extermina gatos de praça Enquanto muitos praticantes de cooper e usuários do Bosque Eudoro Correia reclamam da falta de higiene e do mau cheiro causado pela presença de gatos, e eles são muitos, defensores dos bichos protestam contra o extermínio de 21 gatos realizado pelo Centro de Zoonose há uma semana
O DESAPARECIMENTO da maioria dos gatos da praça dividiu opiniões.
Mariana Toniatti da Redação
Eram 5h30min do dia 31 de agosto quando a carrocinha do Centro de Zoonose chegou ao Bosque Eudoro Correia, a praça que ocupa um quarteirão em frente ao Hospital Geral do Exército, na Aldeota. O lugar é conhecido como reduto de gatos. Há quem diga que são mais de 100. Ontem, eram pelo menos 20. Naquela manhã, a carrocinha apreendeu 21, todos sacrificados em seguida pelo Centro de Zoonose. "Foi uma confusão danada. Gato é ligeiro, você sabe. Não levaram nem a metade da metade", diz o gari Ronaldo Augusto.
A coordenadora do Centro, Evanisa Ventura, diz que a ação foi uma resposta à exigência da promotora Isabel Porto, da Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde Pública do Estado. Mas a promotoria ressalta que não determinou as execuções. "Mandamos um ofício pedindo que o Centro tomasse as providências cabíveis. Eles é que entenderam que a providência cabível era essa", afirma o coordenador da assessoria jurídica da promotoria, Giulliano Mendes, que falou em nome de Isabel Porto, atualmente de férias. Ele explica que o processo administrativo aberto por Isabel foi motivado por denúncias. "Muita gente reclama da falta de higiene", diz.
Tem quem discorde. Da falta de higiene e da solução encontrada pelo Centro de Zoonose. Evenir Vieira, que vende flores e plantas na praça há 18 anos é uma das vozes que protestam contra o extermínio dos gatos. Ela é uma espécie de guardiã dos bichos. Tem remédios para verme, para os olhos, sarna, manda esterilizar as gatas da praça e dá leite de conta-gotas para os filhotinhos abandonados em caixas de papelão. "Damos comida, cuidamos dos que chegam com sarna, levamos para vacinar contra raiva nos dias de vacinação e esterilizamos quando podemos. A Prefeitura tinha era que nos ajudar a fazer isso. Não são gatos abandonados. Se tivessem levado para outro lugar, mas mataram todos!", indigna-se.
De repente o choro vem. "Fico assim só de lembrar". Uma outra captura estava programada para amanhã, mas Evanisa suspendeu a ação. "Estamos sendo pressionados. Recebemos muitas ligações. Suspendi a captura e vou comunicar à Promotoria. O certo era fazer porque é um problema de saúde pública", diz. Muitos praticantes de cooper do Bosque Eudoro Correia reclamam do mau cheiro. "Paro para fazer exercícios e quando inspiro sinto aquele odor horrível", diz Maria das Graças Higino. "Às vezes eles vomitam na calçada e na época de chuvas fica horrível. O melhor seria que a Prefeitura fizesse um abrigo pra eles aqui mesmo. Não dá pra fazer?", pergunta.
Freqüentemente, filhotes são abandonados no bosque e vez ou outra há quem leve para casa os mais bonitos, um sistema de adoção informal. "Dados da Organização Mundial de Saúde dizem que para cada ser humano que nasce, nascem 15 cachorros e 45 gatos, por isso a esterilização em massa, que defendemos há anos, é a solução para acabar com o problema dos animais abandonados", diz a presidente da União Internacional Protetora dos Animais (Uipa), Geuza Leitão.
Caminhando no bosque, Madalena, que prefere não dizer o sobrenome, também se emociona e chora. Ela é outra protetora dos gatos, bate a colher na travessa de plástico cheia de comida e eles vão chegando. Para a mãe recente, que ainda amamenta os filhotes, fígado e leite, para os outros, arroz, macarrão, feijão e ração. Há cinco anos, quando se mudou para perto da praça, Madalena cumpre o ritual religiosamente. "Chorei muito quando cheguei e não os vi. Pensei que fosse endoidar", lembra. Os gatos que ficaram e os novos que chegam não servem muito de consolo. "Agora faço por caridade, não por amor", explica. "Foram anos de convivência", emenda.
(Fonte: JORNAL O POVO - FORTALEZA 07/SET/2006)
Contatos para protestar:
Escreva para a Prefeita de Fortaleza - Sra. Luzianne Lins email: mailto:luzianne@fortaleza.ce.gov.br
Conselho Municipal de Saúde Fortaleza e-mail para "Dicas e Sugestões": http://www.saudefortaleza.ce.gov.br/internet/fale_conosco.asp
JORNAL O POVO - mailto:cartas@opovo.com.bre opiniao@opovo.com.br
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