12 janeiro 2007

Transfusão de Sangue


Doar sangue também é tarefa para os cães

Eles não farejam bombas ou defendem seus donos de ataques fatais. Mas, no silêncio das clínicas veterinárias, muitos cães salvam vidas com um ato heróico: a doação de sangue. Embora não seja um serviço muito difundido nas clínicas, a transfusão pode ser a única solução para cães e gatos vítimas de vários tipos de doença ou debilitados após um acidente. E, assim como entre os humanos, é uma atividade que depende da boa vontade do doador - ou, nesse caso, do dono do doador.
"Quando um cliente aparece na clínica com um animal de grande porte, saudável, explicamos como funciona o serviço de doação e o deixamos à vontade para o voluntariado", diz o médico veterinário Rubem Montoni Júnior, da Provet, de São Paulo. A clínica é uma das pioneiras nesse tipo de serviço no país, oferecendo transfusões há 14 anos. "Como não podemos contar apenas com os voluntários, trabalhamos em parceria com um canil da raça dogue alemão. A cada 15 dias, recolhemos sangue entre os cães".

A opção pelo dogue alemão é muito simples: os doadores de sangue precisam ter mais de 25 quilos. E serem bastante dóceis. "O cachorro tem de ficar por cerca de 30 minutos numa mesa, com uma agulha enfiada em sua pata, e, como não pode ser sedado, tem de ser naturalmente calmo", explica Denise Melo Moretti, médica responsável pelo laboratório clínico do Centro Veterinário de Bauru (interior de SP).

Segundo Montoni, cada cão pode doar de 10 a 20% de seu total de sangue - e cada quilo de seu peso total contém cerca de 90 mililitros de sangue. Sendo assim, de um cão de pouco mais de 50 quilos pode ser coletado entre 500 e 700 ml de sangue. "Essa quantidade pode ajudar cinco, até seis cães, porque em muitos casos o animal receptor precisa apenas de 100 ml de sangue", conta. Montoni lembra o caso de Ingo, um dogue alemão que pertencia à clínica e doou sangue para mais de 100 animais. "Sozinho, ele salvou muitas vidas".

Todo animal que doa sangue precisa passar por uma bateria de exames (veja quadro) e não pode ter histórico de doenças infecciosas. "Mesmo aqueles que são doadores fixos precisam sempre de um check-up tanto para não transmitirem doenças como para não ficarem prejudicados", explica Moretti, que trabalha com 14 doadores fixos na clínica de Bauru.

O receptor

Receber o sangue através de uma transfusão acontece quase sempre em caso de vida ou morte. "A transfusão é geralmente o último recurso para salvar o animal", explica o médico veterinário Rômulo Caldas Braga, que coordenou durante cinco anos os serviços de transfusão do CAD (Centro de Apoio Diagnóstico Veterinário) do Rio de Janeiro e hoje oferece consultoria sobre o assunto a outras clínicas. "Como receber sangue pela segunda vez traz grande risco de reação e, portanto, de vida ao animal, adia-se ao máximo a primeira transfusão".

A tipagem sangüínea dos cães é muito mais difícil de ser estabelecida que a dos humanos. Mas, mesmo assim, o risco de uma reação provocada por incompatibilidade é muito pequeno numa primeira transfusão. "Somente 15% da população total de cães apresenta aglutininas para reagir numa primeira transfusão, o que dá uma margem de segurança relativamente grande", conta Montoni, da Provet. Sendo assim, o cão pode receber o sangue de qualquer doador - saudável, claro -, desde que nunca tenha passado pela experiência.

Para garantir o sucesso da operação, o médico pode fazer um teste de compatibilidade, misturando amostras do doador e do receptor para esperar uma reação como a coagulação. "Muitas vezes o teste de reação não é feito porque o animal já está muito debilitado e não pode esperar o resultado", completa a médica Moretti. Quando o teste não é feito, a transfusão é iniciada de forma bem lenta, observando o comportamento do animal. O processo pode levar horas e não é, sozinho, sinônimo de cura. "Não se deve se enganar pela melhora repentina após a transfusão, pois esse estado pode ser provisório se a causa do problema e suas conseqüências não forem tratadas", afirma o médico Montoni, do Rio de Janeiro.

E o que deixa o animal tão enfraquecido? "Noventa por cento dos casos de transfusão em Bauru são de cães vítimas de ehrlichiose, doença que provoca uma anemia severa e é transmitida por carrapatos", diz Moretti. A ehrlichiose e a babesiose, também adquirida por parasitas, são os principais vilões do sangue canino. A primeira pode ficar incubada durante meses - até anos - sem apresentar sintomas. Quando o animal começa a apresentar fadiga, depressão, perda de peso e pequenas hemorragias, entre outros sintomas, é sinal que já teve seu sistema imunológico comprometido e provavelmente precisará de sangue com urgência. A babesiose destrói os glóbulos vermelhos. Doenças do gênero provocam geralmente uma perda de sangue crônica, ou seja, que acontece durante dias seguidos, muitas vezes sem que o dono perceba.

Outros males que levam o cão a precisar de sangue são a intoxicação por veneno de rato - que causa uma hemorragia severa -, acidentes e traumas, cirurgias e doenças de fígado e rim. "Acidentes podem levar à perda de sangue aguda, aquela provocada pelo rompimento de um vaso ou órgão", diz Montoni. O diagnóstico irá determinar se o animal precisa de sangue fresco, congelado ou apenas de componentes isolados. Como poucas clínicas dispõem de bancos de sangue caninos, a solução está muita vezes na disposição de outro amigo de quatro patas em doar sangue.

O doador precisa...
- Ter entre nove meses e 7 anos, aproximadamente
- Pesar mais de 25 quilos
- Ser dócil
- Ser vacinado anualmente contra raiva, cinomose, hepatite infecciosa, leptospirose, parvovirose e coronavirose.
- Ser submetido a testes de controle de hematrócito antes da doação
- Jamais ter contato com carrapatos (transmissores de parasitas)
- Não pode ter histórico de doença grave
- Não pode ter recebido sangue em transfusão

Casos que pedem transfusão de sangue
- Anemia causada por doenças como ehrlichiose e babesiose
- Intoxicação provocada por raticidas, que provoca hemorragia interna
- Grande perda sangüínea após um acidente
- Situações pré-cirúrgicas


FONTE: http://www2.uol.com.br/focinhos/saude/saude_11.shtml

1 Comments:

Blogger Unknown said...

Boa tarde! Eu tenho um cão com 8 meses, e nunca teve contato com carrapatos, a 2 meses desenvoveu uma anemia aguda, que seria de uma herliquia, assim disse o veterinário. Ele passou doxiclina e nutrifur. Realmente, ele melhorou, mas depois teve outra recaida, fiz o mesmo processo e ele melhorou. Quero saber se vai ser o jeito fazer uma transfusão ou não Eu ja le tudo que tem no site. Gostaria de saber como é feita essa tranfusão. Porq, tenho uma cadela da mesma raça ( Mastim Napolitano ) com 15 meses e nunca teve uma gripe. Graças a Deus!!!

3:30 PM  

Postar um comentário

<< Home