Chimpanzés ameaçados de morte ou em cativeiro são soltos em florestas do Congo
Pelo menos 37 chimpanzés arrebatados de caçadores, abandonados, condenados ao cativeiro ou à morte, recuperaram a liberdade nos últimos 10 anos na República do Congo graças ao projeto HELP, criado pela francesa Aliette Jamart.
A vocação desta mulher, comerciante de profissão, despertou em 1989, quando ela descobre o desamparo dos chimpanzés no zoológico de Pointe Noire, no Congo. A partir daquele momento, ela dedica todos os seus esforços a salvar estes primatas, abrigando em sua casa bebês resgatados de caçadas.
Imediatamente, compreende que o número continuará aumentando.
"Colocaram em minha porta, me entregaram mais de 80 chimpanzés, muitos dos quais infelizmente estavam agonizando", disse à AFP Jamart, durante passagem por Paris.
Em maio de 1989, ela decide reintroduzir os animais em sua floresta natal. Nesta data, cria uma associação franco-congolesa, HELP (Hábitat Ecológico e Liberdade dos Primatas), e entra em contato com alguns cientistas em busca de ajuda.
Eles respondem que seu projeto é irrealizável devido ao próprio caráter da espécie. Os chimpanzés formam grupos quase fechados, com relações hierárquicas complexas, que oscilam entre as tensões e as reconciliações. Embora uma fêmea de fora possa ser aceita, um macho pode perder a vida.
Apesar disso, em 1991, ela chega com 48 chimpanzés à reserva de Conkuati, 180 km ao norte de Pointe Noire. Estes animais, instalados em três ilhas de um lago, aprendem pouco a pouco a viver em um meio natural antes de descobrirem a liberdade total em um bosque vizinho.
O grande dia chega em novembro de 1996, quando Aliette Jamart liberta um macho e quatro fêmeas. Outros os seguem em pequenos grupos durante os meses e anos posteriores. No total, são 37 animais, com exceção dos chimpanzés considerados não aptos devido à idade ou a seu estado de saúde. Alguns terão um destino difícil ou morrerão, mas muitos conseguem se adaptar à natureza.
"Dezoito dos chimpanzés libertados, cinco machos e 13 fêmeas, desapareceram", reconhece Jamart. Mas quanto às fêmeas, só tem certeza de três mortes.
"Várias fêmeas reaparecem depois de um ano de ausência, passado em companhia de chimpanzés selvagens. Algumas delas voltam com um bebê nos braços. Dezenove dos nossos antigos protegidos são regularmente acompanhados por nossas equipes", explica.
Segundo o presidente do HELP International, Benoît Goossens, especialista em genética e primatas, esta experiência mostra que "chimpanzés cativos, nascidos na natureza, podem voltar a ela com sucesso".
Paradoxalmente, dez anos depois do retorno dos chimpanzés à natureza, ninguém mais se atreveu a seguir o exemplo de Aliette Jamart, apesar de pelo menos 670 destes primatas viverem em diversos "refúgios" no continente africano.
No entanto, o que mais preocupa os membros do HELP é o perigo de um aumento das caçadas ilegais em Conkuati, vinculado à exploração de madeira exótica, e nos últimos tempos, ao interesse das companhias petroleiras por esta região protegida.
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