22 agosto 2007

Castrar SIM... e quanto antes, melhor!


Dr.ª Silvia Crusco, veterinária especializada em castração e

Claudia Pizzolatto, treinadora especializada em comportamento canino.

Artigo publicado na Revista "Cães & Cia" nº 260, de janeiro de 2001

Cães e Gatos

CASTRAR SIM ... e quanto antes melhor!

Quem convive com cães sabe. De repente, lá pelos 8 meses de idade, o filhotinho brincalhão começa a ficar adulto. Ou seja, a ter atitudes como ser possessivo; brigar com cães sem ser por brincadeira; encarar postes, pés de mesas e outros objetos como pontos do território a serem demarcados com urina; montar em cães, pessoas da casa ou visitas sem a menor cerimônia, entre outras artes. Na fêmea, de repente, aparece o sangramento do cio e suas conseqüências, como sangue no tapete e a presença dos cães da vizinhança na porta de casa.

O início da puberdade – que nada mais é do que o começo da produção dos hormônios sexuais – significa mudanças para sempre no organismo e no comportamento do cão, que podem ser o ponto de partida para problemas de relacionamento com o dono e o desenvolvimento de maus hábitos. Por esse motivo, cada vez mais os comportamentalistas estão optando por recomendar a castração ... de preferência antes dos 8 meses de idade.

A ação dos hormônios sexuais dá início a comportamentos que podem continuar mesmo depois da castração, devido ao cão se acostumar a eles.

Do ponto de vista veterinário, a castração é o único meio de evitar a reprodução que previne, ao mesmo tempo, tumores no aparelho reprodutivo, muito comuns nos cães com idade madura e mais avançada. O problema resulta de um processo de multiplicação exagerada de células em órgãos do aparelho reprodutor, estimulado pelos hormônios sexuais.

Castrar a fêmea antes dos 8 meses também é recomendado. Nas cadelas que fazem a cirurgia depois entrar na puberdade, os casos de tumores na mama diminuem, mas não se tornam quase nulos, como acontece quando a castração é precoce.

No Brasil, há veterinários castrando a partir dos 2 meses de idade, costume mais generalizado nos Estados Unidos. As técnicas cirúrgica e anestésica usadas em nosso país permitem realizar a castração precoce com grande segurança. É o caso da anestesia inalatória: o cão dorme sedado, inalando um gás anestésico por um tubo ou máscara. A cirurgia é feita rapidamente, com pequenas incisões – nos machos a operação dura apenas 20 minutos e 40 nas fêmeas, sem precisar de internação.

Nos Estados Unidos, torna-se cada vez mais comum castrar filhotes com apenas 7 ou 8 semanas de vida, já que a recuperação da cirurgia é mais rápida. Elimina-se qualquer chance de gravidez precoce, e a tecnologia permite esse avanço.

Perde adeptos a opção pela castração com cerca de 1 ano de idade, para dar tempo de os hormônios sexuais agirem. Não foram jamais provadas as teorias pelas quais essa estratégia estimularia a hipófise a produzir o hormônio do crescimento, a desenvolver a ossatura e o macho a ganhar massa muscular. Pelo contrário, não é raro ver cães castrados mais desenvolvidos que seus irmãos de ninhada não castrados.

CORRIGINDO COMPORTAMENTOS – A castração ajuda a corrigir comportamentos indesejados, é o que garante um estudo feito em cães machos pelo Veterinary Medical Teachiong Hospital, da Universidade da Califórnia em conjunto com o Small Animal Clinic, da Universidade de Michigan.

Bastou a cirurgia ser feita para, em grande parte dos casos, cessar o comportamento indesejado.

- Fugir – 94% dos casos foram resolvidos, 47% deles rapidamente.

- Montar – 67% dos casos foram resolvidos, 50% deles rapidamente.

- Demarcar território – 50% dos casos foram resolvidos, 20% deles rapidamente.

- Agredir outros machos – 63% dos casos foram resolvidos, 60% deles, rapidamente.

  • Nos cães castrados, a agressividade por defesa territorial ou por medo não foram alteradas.
  • Alguns cães ficaram mais calmos e mais carinhosos, mantendo maior proximidade física com os donos, e deixando de encarar qualquer movimento como provocação.

CASTRAÇÃO PRECOCE OU NÃO?

COMPORTAMENTO e SAÚDE

CASTRAÇÃO DEPOIS DE

8 MESES

CASTRAÇÃO ANTES DE

8 MESES

Estabilidade de comportamento

Maior

Muito maior

Agressividade

por disputa sexual

Menor

Muito menor

Brigas

Com outros cães

Menos

Muito menos

Montar em outros

cães ou pessoas

Menos

Quase nulo

Demarcação de território

com urina

Menos

Quase nula

Possessividade

exagerada

Menor

Muito menor

Tendência a engordar

Alta

Mínima

Probabilidade de

Tumor na mama

Média

Quase nula

Maturidade emocional

Cerca de 2 anos

Cerca de 2,5 anos

Fugas em busca de fêmeas

Muito menos

Nulas

Instinto territorial

Inalterado

Inalterado

Instinto de guarda

Inalterado

Inalterado

Desenvolvimento físico

Inalterado

Inalterado

A comparação é feita tendo como base os cães não castrados.

IDÉIAS ERRADAS

"Cão castrado é mais propenso a problemas de saúde."

FALSO: a probabilidade de pegar doenças não aumenta com a castração. Antes pelo contrário: a retirada de útero e dos ovários, ou testículos, acaba com a possibilidade de infecções e tumores nesses órgãos, e de complicações ligadas à gravidez e ao parto. Sem acasalamentos, as doenças sexualmente transmissíveis deixam de representar risco. Cai a incidência de tumores da mama.

"Acasalar deixa o macho emocionalmente mais estável."

FALSO: dependendo das disputas, o acasalamento pode até causar instabilidade emocional.

"A fêmea precisa ter crias para manter o equilíbrio emocional."

FALSO: não há relação entre os dois fatos. O equilíbrio emocional fica completo com a maturidade, que ocorre por volta dos 2 anos nos cães não castrados. Se uma cadela se mostrar mais calma e responsável depois da primeira ninhada, é porque amadureceu devido a ter avançado na idade e não porque se tornou mãe.

"A falta de prática sexual causa sofrimento."

FALSO: o que leva o cão à iniciativa de acasalar e exclusivamente o instinto de procriar, e não o prazer nem a necessidade afetiva. O sofrimento pode atingir machos não castrados se vivem com fêmeas e não podem cruzar: ficam mais agitados, agressivos, não comem e perdem peso.

"Castrar reduz a agressividade do cão de guarda."

FALSO: a agressividade necessária para a guarda é determinada pelos instintos territorial e de caça e pelo treinamento, sem ser alterada pela castração.

em Defesa dos Direitos Animais

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Bom dia.
Como faço para castrar meus bichinhos de graça? Pois, tenho 5 cães que eu peguei da rua, e 6 gatos tbm de rua.
Obrigada. Amo animais.

8:58 AM  
Anonymous Anônimo said...

tenho um cachorro que peguei na zoonose, só que ele é bravo, não deixa nng entrar na minha casa e protege mto sua "matilha" (minha família)! tem aproximadamente um ano, será que a castração pode resolver??
elisa-vitória ES

2:24 PM  

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